sábado, 1 de setembro de 2012

Crônica

Reviravolta na politicagem
            Manhã de segunda-feira. O sol já invadira o meu quarto e me fizera por obrigação acordar. Olhei para a janela entreaberta e nela pude sentir a leve brisa vinda do alto dos céus claros e límpidos, sob uma vista de um vale rochoso espetacular, ouvindo-se o conversar dos pássaros, o correr das águas da cachoeira e a minirreprodução de dança das copas a balançar, transmitindo uma paz de espírito indescritível que por mim não sairia da minha cama – que mais se parecia com um ninho –, mas havia de trabalhar, ou pelo menos “brincar” de trabalhar.
            Olhei para o relógio e este já marcara 9 horas, pulei da cama imediatamente, onde de fato estava atrasado, mas o motivo da preocupação não girava em torno desta causa, haviam outras coisas omitidas que acredito não ser o ideal a citar. Levantei, lavei o rosto, escovei os meus dentes, enquanto pensara sobre minha vida, vida esta que eu levara à “moda vão se embora”. Tinha minha vida ganha e disso ninguém duvidara.
            Minha preocupação não era apenas estas, pois necessitava de argumentações para enrolar as pessoas, a todos, como sempre fiz. De fato, estávamos em um ano político, repleto de falsidade, com “recheio” de corrupção, onde a meu ver não há outra forma mais clara para poder-se classificar. O que pensavam de mim, a sociedade da minha pequena cidade?
            Naquele exato momento, a “personalidade” e a “humildade” era necessariamente o que precisara e era simplesmente o que faltara. Não só para dar uma reviravolta no meu passado e mudar o meu caráter, mas para a ocasião, um momento tido como “fachada”, sem sombra de dúvidas cairia muito bem.
            Digamos que a sociedade da minha cidade encontrava-se consciente, ou pelo menos aparentava. Talvez não o bastante para dar trabalho em convencê-los de que estava disposto a mudar e transformar em um novo eu, onde a mudança seria benéfica para a minha reputação e a nomeação que estavam em jogo. Minha relação com o público era contornante, mas não quero dizer que envolvê-los seria uma tarefa fácil, justamente porque mudanças e promessas eram o que eles almejavam ouvir.
            A cidade gritava por ajuda e consolação. O meu dever encontrava-se ali, presente naquela situação, digamos nada mais, nada menos que precária. Eram muitos os problemas decorrentes e pendentes, pessoas desabrigadas e desempregadas. O meio em que viviam apesar de tão belo aparentemente, necessitava de projetos, estes que fossem capazes de renovar a situação.
            Absolutamente, a cidadezinha precisava de projetos e nada melhor que começassem a ser desenvolvidos por mim, ou que estes contassem como auxílio a meu favor na hora de compor o meu discurso. Afinal, a corrupção estava presente e disso, todos estavam cientes, mas, no entanto, táticas não faltariam para que os colocasse a meu devido favor.
            Cidade pequena, pouco reconhecida, desestruturada e desempregada, era assim que os moradores locais a viam e eu coloquei-me a disposição. Resolvi sair de minha residência e caminhar para cumprimentar e fazer valer as intenções que tinha em mente de forma cautelosa, disposto a cumpri-las em uma única: envolver a cidadania em minhas lábias. Justamente por ser pequena, não haveria problemas em divulgações e não teria dúvidas de que eu ganharia a liderança da cidade, e já era quase certo que não haveria imprevistos quanto a isso.
            Algo aconteceu. Inesperado. Inusitado. Pisei na rua e ao correr os olhos em volta, pude ver cartazes, e neles reconhecer o protesto feito por eles em relação a mim e ao meu comportamento como administrador. Totalmente desorientada e desunida, a cidade estava distribuída em mais de 150 vereadores, unidos a mais 10 prefeitos dispostos a competir comigo.
            De fato, a cidade mudara e com um descuido meu, vivera um tumulto. Certamente a minha tarefa teria que por obrigação, tornar-se prática e tudo indicava que não seria nada fácil. A culpa caira sobre mim pelo desconcerto, pelo desapego moral da minha pequenina, humilde e belíssima cidade Poesia, que agora se transformara em um grande e destemido centro e alvo de politicagem.
                                                                                 Sílvio Justino
                                                                                  1º V01

3 comentários:

  1. Sílvio ,
    Continue sempre dedicado como é ,um grande leitor,não pare de escrever, você tem um futuro brilhante pela frente.
    Parabéns pela sua dedicação!
    Precisamos de pessoas como você para melhorar esta sociedade estragada pela corrupção.
    abraço
    Enilda

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  2. Crônica muito bem elaborada, com senso crítico apurado. Parabéns.

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  3. Parabéns! Belo texto, com certeza seu texto está realmente adapto e condizente com a situação a qual estamos vivenciando. Não deixe de escrever!

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